Passos Sangrentos - PARTE DOIS
sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Se ainda não leu o Primeiro Capítulo Clique Aqui


----------------------------------------------------------------------------------



O dia seguiu chuvoso e gelado, com ventos cortantes e trovoadas ameaçadoras por toda a cidade.
Parecia que a tempestade alertava muitas e muitas outras tormentas na vida dos moradores.

Isabella saiu do trabalho e não trocou de roupa; além do frio e da chuva, sua mente estava tão atordoada com o que havia ocorrido pela manhã que mal conseguiu se lembrar de qualquer outra coisa.
Na Faculdade não se falava de outro assunto. Os jovens estavam atônitos e eufóricos com tudo o que falavam sobre o assassino. Muitos diziam já te-lo visto rondando suas casas, ou saltando de telhado em telhado, e que ele escolhia suas vítimas através de cultos satânicos. Nada comprovado ainda...


----------------------------------------------------------------------------------

O Professor havia entregue alguns trabalhos para os alunos fazerem em Duplas. Imediatamente os estudantes já se encontravam com o seu par e pouco a pouco as duplas eram formadas; mas Isabella, pensativa, não se apressou e ficou só, quando deu por si, todas as duplas já estavam prontas.

- Você me entendeu quando disse "Dupla", não é, Isabella? - O Professor indaga, provocando alguns risos nos alunos.
- Sim senhor, mas pelo que pode ver, realmente faltou um par para fazer o trabalho comigo, mas não me importo de fazer só.
- Não é questão de se importar Isabella, o trabalho é em dupla.
- Mas senhor...
- Isabella. Se estivesse prestando atenção em minha aula talvez teria encontrado seu par.
- Mas professor, se sobrou alguém é porque não dá pra fazer par, ora... se eu tivesse achado um par antes, provavelmente outro aluno ficaria só. Na realidade está faltando alguém...
- Tem razão, mas eu fiz as apostilas de acordo com a chamada, e no início da aula estavam todos presentes. Alguém deve ter saído.

Os alunos percorre a sala com os olhos afim de identificarem alguém que não esteja lá, e é neste horário que Augusto entra na sala.
Ele percebe que todos olham em sua direção e se dirige a sua mesa.

- Onde estava Rapaz? - O professor questiona.
- Desculpe senhor, precisava ir ao banheiro.
- Venha, pegue este material e faça o trabalho juntamente com a Isabella.

Augusto arregala os olhos. Ele mal pode acreditar, seu coração dispara e ele não se move. As pessoas começam a caçoar de Isabella e do jovem rapaz, que ainda permanece imóvel.

- Vamos rapaz, o que está esperando? Vai me dizer que não conseguiu fazer tudo que precisava no banheiro?

Mais risos. Augusto lentamente se dirige para pegar as apostilas. Ele pega e vai em direção à Isabella, sentando ao seu lado ele permanece de cabeça baixa, sem lhe dirigir uma única palavra ou olhar.

- Será que posso ficar com minha parte? - Ela pergunta.
- Oh claro... me desculpe...

Ele lhe entrega os materiais e ambos começam a estudar, sem dizerem nenhuma palavra um para o outro.


----------------------------------------------------------------------------------


Aos poucos os alunos foram entregando os trabalhos; Isabella e Augusto não trocaram sequer uma palavra. Augusto muito tímido não teve coragem de dizer nada. Isabella, pensativa e assustada ainda com o que viu também não lhe deu muita bola. Perto de acabarem, o jovem finalmente resolve falar algo para sua parceira.

- Eu sempre quis falar contigo.
- ...
- É que sempre te achei bonita, mas sou meio desajeitado com as palavras, e não sabia como lhe dizer isso.
- Hmm... obrigado Cesar...
- Augusto.
- Hãh?
- Meu nome é Augusto, não Cesar... - Ele corrige dando um curta e quase imperceptível risada ao fim.
- Oh sim, então Augusto, podemos terminar ?
- Claro, me desculpe...

Enfim todos terminam. Os trabalhos foram entregues e a turma liberada para os últimos minutos que lhe restavam antes do sinal de saída.
Augusto não desgrudou de Isabella, e começou novamente um novo assunto.

- Você mora longe não é? - Ele pergunta.
- Sim.
- É perigoso não é? Eu poderia levar você.
- Não precisa Augusto, meu marido me busca, e outra, não seria nada interessante andarmos juntos.
- Por que não? Você tem vergonha de mim também?
- Não, não é nada disso, é que sou casada ora essa.
- Isso não tem nada a ver, isso não impediria você. - o Jovem diz, firmando a voz.
- Como assim? O que quer dizer?
- Isabella, olhe só como você se veste e anda por aqui, achei que ser casada era apenas para ter estabilidade.
- Como é?? - Isabella se altera; erguendo-se. Augusto a olha assutado, e todos na sala são redirecionados à discussão.
- Olhe me esculpe...
- Desculpa? Olha aqui você seu esquisito! Acho melhor me respeitar e ficar bem longe de mim, imbecil! Pra sua segurança!
- Minha segurança?
- Isso mesmo!
- Já chega! - O Professor interviu. - As crianças podem brigar o quanto quiserem lá fora, se matem se quiserem, mas na minha sala eu exijo respeito e ordem!

Ambos olham assustados, e resolvem se calar e se sentarem.
Augusto respirava forte e movia os olhos para todos os lados, como um nervosismo contido, e pouco a pouco foi organizando a repiração e gradualmente se acalmando; até por fim, se manter calmo, a ponto de aparentar que nada havia acontecido.


----------------------------------------------------------------------------------


No trem, a rotina de sempre; beijos, amassos e palavras de baixo calão. Era sempre os mesmos rostos e as mesmas pessoas nos mesmos lugares. Isabella olha para os lados e percebe que o operário da noite anterior não está presente, mas ela não se importa muito. Está cansada.

Ao chegar sua estação, ela se dirige para a casa da amiga magricela, onde esconde as roupas.
Após tocar a campanhia, ela é atendida e entra dentro da casa.

- Por que passou aqui? Você não trocou de roupa. - A amiga pergunta, servindo-lhe um copo com café.
- Eu sei, mas é que se o Nando estiver em casa ele pode estranhar eu chegar um pouco mais cedo. De certa forma eu sempre chego no mesmo horário.
- Mas ele não está mais conseguindo chegar cedo.
- Eu sei, ainda mais com esse assassinato. Disseram que acharam um suspeito, perto do Shopping Novo.
- Essa cidade e seus moradores já não são mais os mesmos não é amiga?
- É.


----------------------------------------------------------------------------------


A chuva fina que cai durante a madrugada embalada por uma neblina é como um lençol dançante na noite. Os passos apressados de uma jovem que retornava de uma festa cantam alto nos becos e nas ruas em que ela se aprofunda. Foi quando um vulto atravessando de uma calçada à outra a faz congelar e derrubar seu celular. O Relógio mostra 02:45, a respiração fica ofegante e os olhos tremem na presença de um ser que surge no alto de um muro.
A mulher corre para traz e desesperadamente olha para os lados, na busca de um refúgio. Algo vem saltando por cima dos muros e telhados até enfim lançar algo na garganta da jovem.
Um calor encandescente surge de um pequeno ferimento na altura dos seios. A jovem sente sua boca encher de saliva a ponto de começar a derramar pelos cantos, seus olhos enchem de lágrimas e suas pernas sentem-se fracas. Mas mesmo assim ela insiste em correr. Uma dor insuportável se inicia em seus tornozelos; a jovem cai com o rosto em cima de alguns pedregulhos, rasgando-lhe a testa. Os gemidos são abafados pela saliva que não para de jorrar de sua boca. Quando ela se vira, nota que seus pés estão há alguns centímetros de distância de seu corpo. Com dificuldade ela ergue a cabeça e consegue enfim visualizar o seu agressor. Vestindo apenas uma beca encapuzada de cor preta, nada pode ser visto em seu rosto, somente uma escuridão sem fim e uma respiração contida, equilibrada e muito educada. Nem parecia que aquele ser havia pulado tantos obstáculos. A jovem chora amargamente porque sabe que trata-se do Assassino. Ele se aproxima dela ergue a mão direita, que estava revestida com uma luva de ferro, com a ponta do dedo direito afiada. Então foi a última coisa que ela viu, após ele perfurar seus olhos.



Continua...

Marcadores:

postado por Agarius @ 11:38 AM

1 Comentários:

Postar um comentário

Assinar Postar comentários [Atom]

<< Página inicial

English French German Spain Italian Dutch Russian Portuguese Japanese Korean Arabic Chinese Simplified
Visitas
Contador de visitas
Postagens anteriores
Este blog é um trabalho dos irmãos William Agarius e Paulo Bastos
Divulgue nosso Blog!

Instale nossa barra de Ferramentas!
  • Download Aqui

  • Agarius Life no celular!