Passos Sangrentos - PARTE UM
quarta-feira, 30 de julho de 2008



Você já andou durante a Noite, sozinho nas ruas escuras, e teve a impressão de que alguém ou algo estava te seguindo ou te observando? Terrível né? Nos refreamos para não olhar para trás e apressamos os passos. Se ouvirmos algum barulho próximo é o suficiente para nos gelar o sangue. Com tanta violência nas ruas, essa sensação tem se tornado constante em muitas pessoas; principalmente nas mulheres, que acabam sendo vítimas de estupro em lugares desertos e sem iluminação.


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Isabella retornava da Faculdade às 23:15. A Estação próxima ao Campus era sempre tumultuada de pessoas de vários estilos e temperamentos. Todos estudantes que já com a exaustão estampada nos olhos, se escoravam nas paredes sujas e pichadas do ambiente, aguardando o último Trem que seguiria a longa viagem pelo Centro até o Interior, e se esconderia nas montanhas enevoadas ao Leste da Cidade.
Beijos e Abraços Ousados, Celulares e MP5 acompanhavam os jovens eufóricos que enchiam todo o saguão de espera. Isabella com sua Mini-Saia branca e sua blusinha rosa sentava-se na escadaria principal, sempre fuçando em seu Celular, mascando chiclete e mexendo esporadicamente em seus longos cabelos loiros, soltos e brilhantes como seus olhos verdes. Embora estivesse Casada há quase 2 anos, a Jovem de 28 anos ainda arrancava desejos e suspiros secretos dos garotos que estudavam no mesmo prédio. Inocentemente Provocante, era como ela agia. A forma em que ela cruzava as pernas ou mascava o chiclete era o suficiente para deixar Augusto, o Cozinheiro, totalmente perdido em seu olhar. Um rapaz tímido porém muito inteligente, Augusto era motivo de zombaria para os Alunos; nasceu na cidade de Brumado na Bahia, família humilde, viajou com a mãe até São Paulo em busca de oportunidades; a progenitora morreu de AIDS, ingetava droga nas veias e fazia Sexo com os traficantes em troca de mais drogas. Augusto cresceu sendo criado por um açougueiro amigo de sua falecida mãe, que sempre chegava bêbado e o espancava. Quando completou 17 anos fugiu e conseguiu um emprego numa padaria perto da Faculdade. Com 20 anos conseguiu um acordo com a Diretoria da Escola; ele trabalharia na Cozinha durante o período Matutino e Intermediário, e teria um bom desconto nas Mensalidades para poder estudar na hora Noturna.
Ele sempre admirou Isabella, mas nunca teve coragem de sequer lhe dirigir um "Oi".

Ela talvez nem percebesse, embora se vestisse como uma garota vulgar, Isabella apenas queria se sentir mais solta. Seu Marido Fernando, é um PM de 37 Anos, Vindo de uma família tradicional, e que pouco ligava para Passeios, Festas ou Tecnologias; Sempre dizia que a Cidade estava um Lixo, e que ele desejava se casar para poder se mudar para sua cidade Natal em Joinville, Santa Catarina. Sonhava com a calmaria de lá e não se conformava com os noticiários da TV que a cada dia mostrava mais e mais violência.
Isabella sempre foi muito solta com seus pais, e a natureza fechada e isolada de seu Marido entrava em conflito com a sua, mas ela o amava, e por isso evitava o decepcionar.

Quebrando as inúmeras conversas, o último Trem chega com um barulho estrondoso, trazendo consigo papéis e sacolas que jogadas nos trilhos e nas plataformas voam e dançam no ar da Estação. Dentro, idosos e operários que retornam para seus lares depois de um longo dia de trabalho; mas logo são expremidos pela multidão estudantil que se aglomera nos bancos e corredores estreitos do Transporte.

No meio dáquela aglomeração, os rapazes se aproveitam para se apertarem nas garotas, alguns não dão muita bola, mas os operários da Construção de um novo Shopping no centro da cidade ficam atentos a tudo que acontece ali dentro. Os Jovens não respeitam os mais velhos, e não inibem suas curvas muito menos seus palavriados e carícias. Apenas Isabella, em pé perto da janela se mantém neutra no meio daquela bagunça.
Um operário ao lado dela puxa um assunto.

- Juventude Animada né? - Ele diz, sorrindo ao final da frase.

Tímida, ela confirma com a cabeça e continua a mexer no celular, olhando disfarçadamente para o reflexo do homem que se projeta no vidro do Trem. Ela percebe que ele a observa de cima a baixo. Ela se incomoda e se afasta um pouco para a esquerda, inquieta e envergonhada.

- Todos Namorando, onde está o seu? - O homem pergunta.
- Sou casada. - Ela profere, dando ênfase no "Casada", na esperança de que ele se sinta reprimido e desista dessa suposta "flertagem".

O homem arregala os olhos supreso, e logo dá um sorriso mais largo, continuando a conversa.

- Poxa tão jovem! Eu também já fui casado, 2 vezes...

Ela se mostra indiferente, e desconfotável com o assunto, não vendo outro alternativa, finge ter recebido uma ligação e atende o telefone, simulando uma conversa com o Esposo:

- Oi Amor! Tudo bem? Você está me esperando? Na Estação? Ah que bom, eu já estou chegando. Não não, sem problema, a gente se encontra assim que eu descer. Um beijo, te amo.
- Era seu Marido? - o Homem pergunta.
- Sim. Ele é muito protetor sabe, sempre se preocupa comigo e quer estar sempre de olho em mim.
- Ele é muito ciumento é?
- Sim, mas acho que isso deve ser também pelo fato de ser Policial. - Ela novamente enfatiza uma palavra, "Policial". O Resultado é ainda maior que o primeiro; o homem se espanta mais uma vez e de tal forma que não consegue disfarçar. Isabella percebendo que desta vez o efeito da inibição foi maior, resolve apelar ainda mais.

- O que foi? - Ela pergunta, sinicamente.
- Nada... Que legal que ele é policial. Essa cidade precisa mesmo de policiais bem treinados.
- E ele é. Um dos melhores da Compania.
- Qual o nome dele? Eu conhelo alguns PM's, talvez Eu o conheça também.

Antes que Isabella pudesse dizer qualquer coisa, o Trem chega em sua estação e ela desce ligeiramente com mais 2 pessoas. Ela anda apressadamente e ao olhar para trás percebe que o homem ainda a observa, lá dentro, até sumir juntamente com o Trem no final da curva. Ela suspira, entra numa viela à esquerda e para defronte uma casinha inacabada com uma luz amarelada em cima da porta. Ela toca a campanhia e uma garota magricela a recebe, convidando-a para entrar.

- Como foi o dia hoje? - A moça pergunta.
- Bem corrido. Amanhã te conto com calma, preciso me trocar.

Isabella tira a Mini-Saia e a blusinha e troca por uma Saia Longa abaixo do Joelho, veste uma blusa de manga-longa e um blazer preto, amarra o cabelo fazendo um coqui. abraça a amiga e sai novamente.
Ela apresa os passos e finalmente chega em casa.
Ao abrir a porta, percebe a ausência do Marido que quase sempre chega tarde da noite, quase na madrugada, devido ao trabalho excessivo no Departamento. Ela prepara um café e senta no sofá, ligando a TV, à espera de Fernando.

Passando cerca de 50 minutos, o Policial chega, cansado e bufando. joga o jaleco em cima da mesa e dá um abraço caloroso na esposa, que já aparentava sonolenta.

- Como foi seu dia hoje? - Ela pergunta, carinhosamente.
- O mesmo de sempre. Estou farto desse Lugar Isa, não vejo a hora de podermos nos mudar para Joinville.
- No tempo certo meu amor, no tempo certo.
- As ruas estão cheias de vaquinhas e drogados. Não me conformo de termos que viver no meio dessa escória.
Ela o abraça e o deita em seu colo, passando a mão em sua cabeça.

- Apesar de nós vivermos entre eles, não somos como eles. Isso é bom.
- Eu sei, dou gráças a Deus por você ser diferente dessa raça. Sempre foi educada e comportada.

Isabella nunca apareceu de roupas justas para o marido. Ela deixa as outras roupas mais curtas na casa da amiga, e sempre passa lá para se trocar. Se Fernando a visse andando daquele jeito, seria uma decepção muito grande para ele.
Eles sobem para o quarto e Isabella dorme um sono pesadíssimo. Desde quando começou o Estudo Superior tem andado exausta. Ela levanta às 05;30 para ir trabalhar numa floricultura na avenida principal, de lé, parte para a casa da amiga e se troca, indo para a faculdade em seguida.

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Na manhã seguinte ela acorda primeiro que o Marido, se troca e sai para o trabalho. No caminho para a Floricultura, um tumulto perto de um beco lhe chama atenção. Ela se aproxima e vê que as pessoas comentam: "- Nosso Deus, tão jovem", "Eu não ouvi nenhum grito", "Que horrível, este mundo está perdido".
Curiosa, ela se aproxima de uma senhora e pergunta o que está havendo. Duas Jovens foram cruelmente assassinadas nesta madrugada. Elas estavam sem roupas, com os olhos furados e os pés arrancados...


Continua...








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postado por Agarius @ 10:02 AM

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