A Piada Mortal
terça-feira, 15 de abril de 2008
Há muito tempo atrás, quando a Editora Abril ainda publicava histórias em Quadrinhos, me deparei com uma revista do Batman chamada "Contágio", o qual nos mostrava Gotham City sendo destruída pelo vírus Ebola-Golfo (que mata 90% dos infectados, e não tem cura). Essa é a premissa da Saga Contágio, um arco de quatro partes que se iniciou em Batman: Vigilantes de Gotham # 17 (Março de 1998) a Batman # 18 (Abril de 1998).
Durante a saga, Tim Drake (Robin) é infectado, e quase morre antes que Azrael (Substituiu Bruce Wayne como Batman por um longo período) , Oráculo (Barbara Gordon/Batgirl após ser atacada pelo Coringa) e Batman pudessem encontrar uma cura, com base em antigos arquivos da Ordem de São Dumas.
Ao ler esta saga, pude comprovar que Histórias em Quadrinhos de Super-Heróis nem sempre são de lutas contra Alienígenas Invasores ou Monstros Gigantes que surgiram de outra dimensão. Há muita coisa boa para se mostrar em Quadrinhos, e Contágio foi uma delas.
Era fantástico ver que Batman além de ser um Humano "Normal", se deparava com uma ameaça que não exigia força física ou agilidade para dar piruetas sobre os prédios de Gotham, mas sim a Inteligência e Reflexos Mentais para encontrar a saída. E foi isso que mais me atraiu nos Quadrinhos.
De vez ou outra Eu ouvia um comentário sobre uma História do Morcego publicada em 1988, chamada A Piada Mortal , e que ganhou uma nova versão em 1999. Até semanas atrás eu sabia o Núcleo da história, mas nunca tive a oportunidade de ler. (Você pode fazer o Download da história em PDF clicando no título)
Foi quando li um artigo na Internet que esta história completara 20 anos, e que de comemoração, fora feito uma remasterização das cores. Eu me senti novamente seduzido a ler este conto que tantos comentavam quando o assunto era o Homem Morcego, então, encontrei um Link para download e pude finalmente contemplar esta "Chef d'œuvre" de Alan Moore.
O que eu posso dizer é que esta é uma ou senão a melhor história do Cavaleiro das Trevas de todos os tempos. Um verdadeiro trabalho marcante que com certeza merece reconhecimento.
A História se baseia em 3 personagens: Batman, Coringa e Comissário Gordon.
Com sua ilustração cinematográfica, Brian Bolland (Desenhista) nos mostra juntamente com o Roteiro de Moore, a Origen até então desconhecida de um dos Maiores e mais Insano Vilão da DC Comics, o Coringa.
O Vilão no início da HQ quer mostrar e provar sua tese de que, qualquer homem ou mulher independente da idade pode ficar louco após passar por "um dia ruim".
Com "Flashs" do passado, a HQ mostra a situação que fez Coringa se tornar o que é hoje, e este, procurando de forma ilícita mostrar isso ao Comissário Gordon, estuprando e mutilando sua Filha Barbara (Batgirl, e futuramente a Oráculo), após ter acertado a garota com um tiro que atravessou a Espinha, deixando-a sem os movimentos das pernas para sempre.
Como se já não bastasse isso, Coringa sequestra o comissário e inicia uma tortura física e psicológica no velho homem, o qual se vê num trêm de horrores contemplando as fotografias ampliadas que Coringa fez no ato criminal contra Barbara.
Do outro lado da história, vemos Batman, em uma tentativa passiva e altruista de ajudar o tão imprevisível Vilão a se recuperar de um trauma o qual o Morcego não conhecia.
Impressionante a maestria em que Moore conduz as duas histórias (atual e passada) sem perder o ritmo e sua idéia. No momento mais forte da Trama, Batman propõe um trégua ao Coringa, mostrando de uma forma inédita um cansaço psicológico deste ódio que um sente pelo outro sem saberem a origem disso. Certa cena, Bruce Wayne até comenta com seu mordomo Alfred, a falta de informação e conhecimento sobre o "Homem de Cara Pálida e Sorriso Largo"; seu nome, sua idade sua origem é totalmente desconhecida para Batman quanto para nós, leitores e acompanhadores deste personagem que encanta gerações.
O "Porquê" do Coringa ser o Coringa é mostrado aos poucos, é aí que vemos que ele era um homem comum, que tinha uma bela esposa e um sonho de vida. Sutilmente as imagens nos mostra através de expressões e poucas frases que ele (O nome do Coringa não é mencinado em nenhum momento) era um homem covarde e medroso. Sua esposa estava grávida, e o local onde moravam era pobre e sem estabilidade, aumentando assim o desespero do homem.
No último diálogo entre Batman e seu Antagonista, tive a clara perspectiva de que ambos, herói e vilão tinham algo em comum, além da perda de seus entes queridos. A meu ver, ambos estavam fugindo de seu passado e da realidade frígida do mundo através da Loucura. Sim, não há dúvidas de que Batman também seja louco. Não como o Coringa, mas o próprio vilão afirma isso ao Morcego na trama. e também na adaptação Batman Dead End.
No diálogo Batman mostra também uma insegurança quando diz que cedo ou mais tarde, um deles mataria o outro; dando consciência de que Coringa e Batman são frágeis fisica e mentalmente.
O Coringa nos mostra por um curtíssimo período de tempo uma sanidade, humana e triste, talvez lembrando de como tudo isso começou na vida dele. Mas é tarde demais, suas ações e sua covardia impede de ser normal, impede de confiar em alguém, e Batman ajudou de certa forma nisso.
Se analisar bem a piada final que Coringa conta ao Batman, verá que os personagens da Anedota, é nada mais nada menos que eles mesmos, numa tentativa absurda de se ajudarem. Um cego guiando outro. O Sujo falando do Mal Lavado.
Ambos terminam em gargalhadas frenéticas até que a imagem se encerra num símbolo claro da idéia de que Batman e Coringa passam pelo mesmo problema.
A Imagem é uma carta de Baralho, no qual numa ponta há fotografia do coringa, e na outra a de Batman: Duas pessoas distintas, que compartilham o mesmo jogo e a mesma realidade. A Loucura.

Abaixo, algumas imagens da HQ.


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postado por Agarius @ 10:14 AM

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